Fragmentos da Memória

Introdução

O “Fragmentos da Memória: Representações Artísticas de Vidas na Diáspora” é um projeto que visa combinar estudos relativos à História da Diáspora Africana em contextos internacionais, com produção artística da África Global. Biografias são o foco central deste projeto e seu conceito baseia-se na criação de experiências visuais representando as vidas de indivíduos que viveram a escravidāo como parte de suas existência entre os séculos XV e XIX. Homens, mulheres e crianças africanas acorrentados em navios negreiros, levados para diferentes partes do mundo deixaram testemunhos, relatos e biografias. Historiadores e estudiosos ao redor do Globo vêm trabalhando nas trajetórias de vida desses indivíduos, rastreando seus movimentos, a transformação e recriação de novas identidades, suas culturas, os seus escritos ou o tendo seus registros pessoais em documentos produzidos na Europa, Ásia, África e nas Américas. O projeto é parte do SHADD-hub (York University) onde muitas das fontes históricas estão armazenadas e exibidas online. O projeto Fragmentos da Memória também é parte da iniciativa artística-cultural Rotas Escrava: Resistência, Liberdade e Herança, da UNESCO. A metodologia do projeto se baseia no diálogo entre a História e a criação artística, tendo sido desenvolvida pelo historiador Bruno R. Véras. Pablo Parra foi convidado a retratar a vida de cinco pessoas da Era da Escravidão. Usando pop-art e referências de HQ como estilo, Parra expressa sentimentos e conceitos visuais da Diáspora Africana como uma expressão cultural dinâmica. A Exibição é uma iniciativa de História Pública que visa celebrar o 25° aniversário do “Slave Route Project: Resistance, Liberty, Heritage” (Projeto Rota dos Escravos: Resistência, Liberdade e Patrimônio), da UNESCO, durante a Década Internacional de Pessoas de Descendência Africana, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Artista

Pablo Parra (PunkArt Macumba) é um artista gráfico e ilustrador latino americano nascido em Mococa, São Paulo. Seu estilo combina inspiração estética com movimentos artísticos como o punk e o Hip-Hop Latino-Americano, sendo também influenciado pela produção de artistas como Emory Douglas e Basquiat. Suas ilustrações se destacam por cores fortes e contrastantes. Ele trabalhou por muitos anos como director de arte para agências de marketing e comunicação, especialmente no Brasil e Argentina. Paralelamente, como ilustrador, tem exibido seus trabalhos em eventos de alcance internacional, seja no Brasil ou no exterior.

Conceito

O conceito de “diáspora” é chave para o processo estético e imaginativo de Parra na criação de suas representações gráficas. Referências místicas e diaspóricas das religiões de matriz africana estão presentes em seus desenhos misturadas ao conceito do estilo punk. O artista traduz sua inspiração em seu perfil online @PunkArt Macumba, estabelecendo visualmente estas conexões. No projeto Fragmentos da Memória, Parra combina referências históricas dos indivíduos que ele representa com suas escolhas estéticas pessoais e motivações de homem afro-brasileiro e um ser político da periferia de São Paulo. Esta exibição requer que a audiência considere conexões entre Diaspora, gênero, escravidão e a criação da Liberdade através das cinco trajetórias históricas apresentadas.

Curadoria

A exibição Fragments of Memory tem a direção e curadoria de Bruno R. Véras, um historiador com experiência nas Humanidades Digitais, já tendo desenvolvido trabalhos para o teatro, documentários, mídia criativa e outras linguagens artísticas no Brasil, Canadá, Uganda, África do Sul e Estados Unidos. Fernanda Sierra Suaréz co-curadora do projeto e graduada no programa de Culture and Expression da York University. Seu interesse e ativismo em prol da igualdade social e atuação cultural a possibilitou atuar em diversos trabalhos culturais no México e no Canadá. O projeto Fragments of Memory conta ainda com a colaboração de um time de pesquisadores oriundos do Canadá, Brasil, Nigéria, Turquia e Estados Unidos, numa parceria com a UNESCO.

Biografias

Mahommah Gardo Baquaqua
c.1824 - 18??

Baquaqua nasceu em Djougou, no atual Benim, por volta de 1824. Quando servia como oficial da corte, foi escravizado e despachado para o sul pelo Reino de Daomé, sendo enviado ao Brasil em 1845. Escapou da escravidão na cidade de Nova York. Escreveu a sua autobiografia, que foi finalizada no Canadá, como um panfleto abolicionista através do qual esperava conseguir regressar à África em 1854.

Osifekunde
c.1793 - 1841

Osifekunde nasceu em uma família aristocrática iorubá de Makun, em Ijebu (atual Nigéria). Após ser escravizado, foi enviado ao Rio de Janeiro em 1820. Dezessete anos depois, em 1837, seu proprietário o levou à Paris, onde ele se tornou livre. Retornou ao Brasil, onde tinha um filho, mas em 1842 uma gangue o espancou até a morte.

Catherine M. Zimmermann
c1827 - 1891

Catherine, originalmente chamada Ngeve, nasceu em Angola. Ela foi sequestrada junto a suas duas irmãs no começo de 1833 em uma praia e levada a bordo de um navio negreiro rumo a Cuba. O navio foi destruído em um acidente, mas ela foi resgatada e levada a Spanish Town, Jamaica. Em 1841, juntou-se a uma missão em Costa do Ouro, atuando como professora pela Protestant Basel Mission Society (Sociedade Protestante Missionária da Basiléia) onde hoje está a cidade de Accra.

Gracia Maria
c.1730-1789

Gracia Maria Magalhães provavelmente veio de Angola. Enquanto escrava era conhecida como Gracia Guiné, mas posteriormente passou a ser chamada pelo mesmo sobrenome do seu proprietário. Embora não pudesse ter filhos, ela conseguiu adquirir um moinho de farinha mandioca, comprar a liberdade do homem com o qual se casou, além de comprar dois escravos, após conquistar sua própria liberdade e libertá-los. Ela tornou-se membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, onde foi enterrada.

Nadir Ağa
c.1870-1957

Nadir Ağa nasceu na década de 1870 na região de Oroma (atual Etiópia). Foi escravizado e levado a Mecca com apenas 9 anos, onde foi castrado e passou três anos sendo educado no idioma árabe. Foi então enviado a Istambul para servir ao sultão otomano Abdülhamid II. Ağa foi libertado na Revolução de 1909, passando a trabalhar com uma leiteria que adquiriu.

Creditos

Artista

Pablo Parra

Direção

Bruno R. Véras

Direção de Arte

Fernanda S. Suarez

Produção Executiva

Faith Veena

Iyassu DeMissie

Curadoria

Bruno R. Véras

Fernanda S. Sierra

Website e Mídia

Fahad Qayyum

Rebeca Ávila

Billy Parrell

Mariam Elzeiny

Pesquisa Histórica

Paul E. Lovejoy

Bruno R. Véras

Olatunji Ojo

Özgül Özdemir

Nielson Bezerra

Textos e Traduções

Bruno R. Véras

Özgül Özdemir

Thomas Garriss

Meybell L. Arrieta

Fábio Cascadura

Duygu D. Duru

Leidy Alpízar

Produção

Leonardo Morais

Carly Downs

Fábio Cascadura

Bruna Tiné

Jacqueline Garriss

Ednaldo F. do Carmo Jr.

Denizá Barbosa

Mariam Elzeiny

Apoio